Natal é para alguns tempo de festejar, para outros, apenas mais um feriado.
Tendo ou não caráter religioso, o período do Natal suscita tempo de confraternizações e quase sempre, de reflexões, nos lançando a introspecção, buscando estar perto daqueles que amamos. Mas, nem sempre quem amamos está ao nosso lado, seja pela distância geográfica, seja pela morte física.
Mas infelizmente a vida nos coloca nessa situação, sem mandar aviso, somos apenas jogados dentro dessa experiência sem que antes possamos nos preparar para ela, se é que de fato isso é possível.
O Dia Internacional da Viúva foi criado pela ONU, em 2010, com o objetivo de conscientizar a população do sofrimento das mulheres viúvas, lembrando das crueldades cometidas contra elas, e obrigar os países a prestar atenção à situação das viúvas e de seus filhos
Os pertences deixados por meu marido depois que ele morreu foram uma bênção e uma tortura. Eles foram uma bênção porque me lembravam dele. Eles eram uma tortura porque me lembravam dele.
No dia em que você nos deixou, como em um cliché de filme, serenava. Porém, naquele dia, eu ainda não entendia que era o dia em que você me deixou. Serenava no tempo e, aos poucos, serenava também no meu coração. As pessoas iam saindo lentamente, em silêncio, enquanto eu me deixava ficar, esperando que em uma reviravolta louca você se levantasse dizendo que era uma brincadeira de mau gosto. Sim, é absurdo, mas eu aprendi que no luto o absurdo é o comum de quem ama.
Dia Internacional da Viúva! Quem em sã consciência gostaria de ser homenageado ou de comemorar essa data? Quem gostaria de estar separado do resto da sociedade, num grupo que ninguém entende e todo mundo julga?
Perguntaram-me como era ser viúva depois de mais de dois anos e meio do acidente que tirou a vida do meu marido abruptamente.
Fiquei tentando refletir. Não existe mais revolta e a compreensão que a vida é finita e que os ciclos terminam, querendo a gente ou não, agora fazem mais sentido.